terça-feira, 5 de maio de 2009

Terceiro Seminário.

Comentário sobre os textos de Aurora Polanco e Marco Rizolli do 3º Seminário da disciplina de Metodologia em Arte:
O presente comentário centra-se nos textos Otro mundo es posible ¿Qué puede el arte? de Aurora Polanco e A arte e sua natureza interdisciplinar escrito por Marcos Rizolli.
O texto de Polanco foca sua abordagem na questão da relação perceptiva da imagem na composição da sociedade contemporânea. A autora fala sobre um mundo-imagem, que representaria um processo amplo, transcendendo questões estéticas, sendo econômico e social, constituindo um espaço de troca que, embora contaminado por narrativas oficiais e de monopólios da palavra e imagem, empobrecido, escuro e superficial, é nossa arena relacional. Dentro deste perímetro, segundo a autora, o campo de ação provável das artes é não aprofundar esta imagem-superfície, mas sim enriquecê-la e ampliá-la e dar-lhe definição na instauração de uma nova cultura. Citando Didi-Huberman, a autora propõe, além das ações anteriormente citadas, dar às imagens o tempo. Com estas ações, segundo a autora, a experiência estética passa a ser uma modalidade com a capacidade de restaurar nossa capacidade de percepção. A autora acrescenta, ainda, que há a possibilidade de “tocar” o real através de uma arte de contra-informação, que se apóia em uma crítica à desinformação circundante. A autora também acrescenta a opinião de Ranciére sobre micro-situações em que o encontro com o heterogêneo pode exigir o alargamento da sensibilidade e que este processo transforma o estatuto de espectador para o de agente. Outro ponto importante apresentado é a questão da arte como experiência, formulada através da citação de Macba, onde o museu emerge como uma plataforma local de investigação, de possibilidade, de novas formas de interação social, sem limitar seu espaço de exibição. Outra questão fundamental do texto, onde a autora cita Ranciére, é a relação dicotômica de “contemplação/distração” na área da experiência estética, que está relacionada com os comportamentos de consumo de uma sociedade pós-fordista. Estes comportamentos sociais influenciam de forma sistemática a percepção estética em toda a sua subjetividade, experiência e fruição temporal. Dentro desta relação entre atenção e distração, Walter Benjamin aborda a distração através da sua divisão em dois tipos: entretenimento e distração produtiva; enquanto John Dewey correlaciona a atenção com as experiências de choque: a dissociação e a novidade, considerando estas como uma maneira efetiva de chamar atenção. Dentro desta abordagem, as práticas das vanguardas do século XX demonstram entendimento deste processo de ação em busca de atenção.
No texto de Rizzoli, o autor busca criar uma taxidermia do processo criativo, através de uma abordagem que considera a sua complexidade. Envolvendo os meios mais diversificados de recursos comunicativos, os mais amplos materiais e as mais variadas nuances expressivas, Rizzoli cria uma divisão de caminhos racionais que o artista segue: códigos de linguagem, materiais e modos de expressão internos e externos do sujeito criativo. Para exemplificar seu ponto de vista de forma semiótica, o autor cita o processo e a reflexão critica de três artistas fundamentais na história da arte, da Vinci, Duchamp e Beuys, de maneira fragmentada, através de seus próprios escritos, pinçados por uma seleção do autor. Esta construção textual procura construir uma abordagem artística e sua relação com a inserção em seu tempo, bem como o desenvolvimento de seus processos artísticos e linguagens particulares. Da Vinci estrutura sua obra impregnado pela idéia da experiência do sensível e da razão, e nas possibilidades recombinastes desta junção.“A vida na terra se manifesta na diversidade das espécies e no jogo incessante dos elementos – potências animadas cujas combinações e rupturas explicam a diversidade dos fenômenos” (Chastel, op. cit., p. 427). Ao analisar Duchamp, Rizzoli ressalta sua construção libertária da técnica em direção de uma expressividade nova, intelectual e cooperativa com o espectador. Em Beuys, Rizzoli aponta a questão do valor simbólico da materialidade que integra a ação artística e cotidiana. O autor também analisa a arte como um campo expandido da economia, um palco de ações humanas e políticas que se integram em um “organismo social articulado”, segundo Beuys. Rizzoli entrecruza a análise de procedimentos artísticos para criar o vislumbre sobre suas possibilidades de instauração, de método, de sua abrangência e suas formas de recepção.

Referências:RIZOLLI, M. A arte a sua natureza Interdisciplinar. In: 16º Encontro Nacional da ANPAP - Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, 2007, Florianópolis - SC. Anais do 16º Encontro Nacional da ANPAP, 2007POLANCO Aurora. Otro mundo es posible ¿Qué puede el arte? Estúdios Visuales V5 enero 2007.

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