terça-feira, 5 de maio de 2009

Camila Schenkel - Comentário sobre o seminário Polanco/Rizolli

POLANCO, Aurora. “Outro mundo es posible. Que pude El Arte?” Estúdios
Visuales, V5 , Madrid, CENDEAC, enero 2007

RIZOLLI, M. “A arte a sua natureza Interdisciplinar”. In: 16º Encontro
Nacional da ANPAP - Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas,
2007, Florianópolis - SC. Anais do 16º Encontro Nacional da ANPAP, 2007

O seminário foi iniciado com o texto de Aurora Fernandéz Polanco, professora do departamento de arte contemporânea da Universidade Complutense de Madri, em uma dinâmica mais livre, em que os alunos eram chamados a falar, um de cada vez, sobre o texto, podendo apresentar sua compreensão geral, os pontos considerados mais interessantes ou complicados, complementos aos assuntos abordados ou críticas. Os câmbios perceptivos na apreciação da arte atual e os novos desafios que eles impõem à produção foram bastante discutidos pela turma, concentrando a maior parte do seminário. As mudanças de paradigma das imagens, a emergência de um novo tipo de contemplação, impura, que se dá em meio à distração, o poder da arte de colocar o pensamento em movimento e sua vinculação com o contexto social foram também foram idéias apresentadas pela autora destacadas em sala de aula.
O segundo texto, o do professor paulista Marcos Rizolli, recebeu uma atenção menor. Menos alunos foram chamados a falar sobre ele, em menos tempo, e a discussão foi mais baseada nos conhecimentos prévios do trabalho dos artistas abordados pelo autor do que nas idéias apresentadas no texto em si, refletindo problemas da própria estrutura do texto de Rizolli. A adaptação de trechos de sua tese de doutorado para o texto da apresentação em um encontro da ANPAP acabou gerando um texto fragmentado, em que as passagens entre os artistas cujos processos de trabalho ele aborda são desconectadas, citações se amontoam sem a referência bibliográfica apropriada, dificultando seu acompanhamento, e há um grande salto entre o que ele anuncia no resumo e na introdução e o retrospecto que ele traça na conclusão. Há de se convir que abordar o trabalho de Leonardo da Vinci, Duchamp e Beuys e ainda pretender, a partir dessa análise, conhecer os “meandros próprios do ato criativo ao mesmo tempo auto-gênico, derivado e, imaginariamente, definitivo – até que se manifeste um novo e necessário desejo de linguagem”, como ele anuncia em seu resumo, é tarefa grande demais para o formato de texto escolhido pelo autor. Apesar de propor uma reflexão temporalmente bem mais ampla que a de Polanco (Rizolli trata das mudanças no processo de criação artística do Renascimento à crítica do modernismo), o segundo texto trabalhado acabou gerando menos discussões. Seu debate em aula, no entanto, serviu para suprir algumas das faltas que senti durante sua leitura.
Na parte final do seminário, tentou-se traçar um contraponto entre esses dois textos centrados em pontas diferentes da experiência estética (um na criação, o outro na recepção), e refletir sobre os novos problemas colocados para a arte a partir das mudanças do regime moderno ao contemporâneo.

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