quinta-feira, 16 de abril de 2009

Comentário do Seminário II

Comentário do Seminário II
Referente os textos de José Luis Brea e Walter Zanini.

BREA, Jose L. Estética, História de Arte, Estúdios Visuales, in Estúdios Visuales n.3 Madrid, CENDEAC, enero 2006.

ZANINI, Walter. Arte e História da Arte. Estudos avançados vol.8 n.22 são Paulo, set/dec 1994.

O autor Brea lança três opções para que as antigas Ciências da Arte se adaptem às transformações da imagem, como a sua forma eletrônica, que afetam o campo das práticas culturais num contexto de globalização contemporânea, ao novo marco dos Estudos Visuais que abarcam todas as questões visuais, inclusive a Arte, mas abrangendo uma gama de campos mais ampla.
Nem os suportes, nem as linguagens toleram delimitação, isto vem exigindo (dos discursos) uma flexibilidade similar, cada vez mais amplos, para dar conta deste problema Brea cita algumas opções, entre elas, a de criar uma nova disciplina específica para tratar destes efeitos de sociabilidade, subjetivação, produção e distribuição de imaginários de identificação cada vez mais complexos e híbridos, ou abrir amplamente os territórios, que reconsideradas pelo próprio autor, que logo aponta uma outra direção, que mescla as alternativas anteriores:
Não criar uma nova disciplina, mas aceitar o cruzamento entre as disciplinas já existentes, ampliando as fronteiras, promovendo a interdisciplinaridade entre elas. O que Brea denomina de território extendido: fronteiras e regras disciplinares menos demarcadas e maior cruzamento das dimensões sociais, políticas e antropológicas.
Este cruzamento já é possível de certa forma na Instituição de ensino na qual estamos inseridos, a qual abre a possibilidade de cursarmos qualquer disciplina que desejarmos sem qualquer custo adicional, como disciplinas do curso de antropologia, arquitetura, ciências sociais, etc., possibilitando este cruzamento de fronteiras. O que depende de uma procura da parte dos alunos interessados, por professores e colegas que estejam abertos à trocas e enriquecimento mútuo.
Já Zanini não trata de questões tão amplas, trazendo no entanto dados sobre como surgiram cursos de Arte, História da Arte, Teoria e Crítica no Brasil, pois sequer existia em nosso país um campo denominado Estudos Visuais, na época em que escreveu o texto.
Brea, discorre sobre como trazer os problemas do passado para pensar e levantar questões do campo em que estamos inseridos hoje – submetendo o presente a uma constante atualização e resignificação. Buscando as origens para conhecer o próprio campo, e a partir deste entendimento maior das origens poder questionar as regras hoje em vigor, através deste embasamento, possibilitar um mundo acadêmico mais reflexivo e crítico.
Comparando este modo de ver o passado, para melhor compreender o presente, de Brea, com os dados fornecidos pelo texto de Zanini, que nos trazem embasamento histórico sobre a influência européia, desde os professores, mestres e doutores que formaram os cursos de arte e sobre arte no Brasil, e que desde então, contribuem na pesquisa e ensino da arte e sua história, a maioria deles teve formação em Universidades européias tradicionais, como a Sorbonne e École de Chartes, e que, somente a partir dos anos 70 foi iniciada a formação de mestres e doutores no país, continuando a tendência indireta dos modelos europeus, até as publicações estudadas em nossa contemporaneidade.
Observo que há uma contraditória busca pela quebra de paradigmas, perseguida por nossos pesquisadores, em contraponto com a inexistência de uma tradição fundamenta no Campo da Arte tanto na Teoria, na Crítica, como na própria História da Arte no Brasil. Somos contra regras que ainda não foram estabelecidas, no entanto, é preciso primeiro criar nossas próprias regras para depois subvertê-las.
Como coloca Zanini, razões complexas levam à instituição primeiro de cursos de pós-graduação antes do estabelecimento do curso básico, além de outros problemas que ele coloca, os quais continuam muito atuais, embora haja uma qualidade e quantidade maior e de bibliotecas, o acesso nestas é restrito, assim como nos acervos não particulares, documentos estão se perdendo, se deteriorando por falta de cuidados, ou falta de local apropriado para acervo é preocupante, pois é nossa história que está se perdendo. Como no Acervo do Instituto de Artes, obras e documentos não possuem espaço físico suficiente, nem temperatura adequada.
Segundo Zanini, os princípios e métodos europeus e americanos, ainda dominam os estudos emergentes em contextos humanos e históricos em nosso continente, cabendo aos pesquisadores atuantes, contribuir para o próprio Campo, estas preocupações críticas que tencionam o Campo, segundo Brea, deveriam ser o objeto próprio de que deviam ocupar-se as ciências da arte, e
propõe, complementando, um posicionamento: de repensar o lugar da arte num contexto geral globalizado, de transformação das práticas e formações culturais - com o crucial assentamento de sua forma eletrônica – incorporando tecnologias aos processos de produção e distribuição - transformações estas que afetam o campo cultural, produzindo a economia do capitalismo del conocimento, ou, capitalismo cognitivo, onde o conhecimento é o valor. O Capitalismo não cria o objeto, mas cria o conceito sobre o objeto que irá agregar valor ao mesmo.
A arte é trabalho imaterial, exatamente como o capitalismo, ela produz valor, conceito, sem necessidade de produzir o objeto. O objeto desaparece e fica só o conhecimento, como por exemplo exposições onde documentos de uma determinada ação poética substitui o objeto artístico.

Fernanda Manéa

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