quarta-feira, 15 de abril de 2009

Comentário sobre 2º Seminário: em discussão Zanini[1] e Brea[2], por Carolina Rochefort

Comentário sobre 2º Seminário: em discussão Zanini[1] e Brea[2], por Carolina Rochefort

O comentário em questão pretende uma “costura” entre os presentes textos Arte e história da arte de autoria de Walter Zanini e Estética, Historia del arte, Estudos Visuales, de autoria de José Luis Brea, a partir das idéias e questionamentos abordados no 2º seminário desenvolvido na disciplina de Metodologia da Pesquisa em Arte, turma 17 do curso de Mestrado em Artes Visuais da UFRGS.
As discussões foram iniciadas por perguntas realizadas pelos alunos que tiveram como base os textos citados.
A relação central entre os textos esta na medida em que as abordagens apresentadas pelos autores trazem questões relativas às disciplinas tradicionais do campo da arte como a história da arte, a estética e os estudos visuais
[3]. Questões relativas aos produtores, teóricos, críticos, historiadores, pensadores que mobilizam essas disciplinas e as reorganizam dentro do campo artístico. Os textos ancoram fortemente a idéia de território, em diferentes épocas; o lugar, o espaço dessas tradicionais disciplinas que produzem significados e efeitos visuais tanto no Brasil quanto na Europa.
Essa situação é abordada por Walter Zanini, no Brasil, pela disciplina de história da arte dentro da USP. Segundo o autor seriam os professores Levy Strauss, Roger Bastide e Jean Maügué a trazer, nos anos 30, um impulso aos estudos da arte nas áreas da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras. Durante os próximos anos a disciplina foi acolhida por diversos cursos como Arquitetura e Urbanismo, junto ao departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto e a Escola de Comunicação. No final dos anos 60 o departamento de História implantou o curso de pós-graduação em História da Arte. Ainda hoje a disciplina não está alocada em um instituto de arte dentro da USP, e acabou ficando na ECA, servindo a diversas áreas e mantém-se sem a definição de seu próprio campo de graduação
[4].
Por esse caráter interdisciplinar Zanini comenta que se dentro do próprio campo da arte a disciplina ainda será muito exigida, e fora dele ela se fortalece por seu sentido universal.
Esse sentido universal e a perda de limites entre essas disciplinas são abordados intensamente por Brea. O autor discorre sobre os estudos visuais por um viés que discute as relações e cruzamentos entre as disciplinas tradicionais da produção artística. Segundo ele, os artistas, ao aplicarem sua metodologia, sua maneira de fazer, os meios e os conceitos, vêm buscando mediações cada vez mais ampliadas e diversificadas, abordando a reflexão e execução do objeto de forma interdisciplinar. É o desbordamiento dos limites.
Disciplinas tradicionais como a história da arte, a estética, a crítica e os “novos” estudos visuais, tendo em vista a extensão de seu campo, necessitam de metodologias transdisciplinares. Para tal é próprio repensar o lugar dessas disciplinas a partir do contexto atual, habitando o real com sua constelação de práticas e modos de fazer que gerem simbolismo e significado cultural. Como recurso de procedimento relativizar os paradigmas e visões de mundo que o produto, a produção propõem potencializando ao mesmo tempo.
O autor nomeia esses cruzamentos disciplinares de novas humanidades, as quais seriam recursos procedimentais, entendidas como ferramentas potencializadoras da crítica cultural.
Para Brea os estudos visuais se encontram em uma interzona um território compartilhado, agregatório e sem limite. Zona que produz, a partir de uma multiplicidade de focos, metodologias e articulações, um estado de ver carregado de significado e valor cultural. Assim que conforme o autor o lugar de ampliação e aprimoramento dessa prática e dessa forma de pensar encontra-se na universidade, que também assiste uma transformação: o capitalismo cognitivo, característico em sociedades do conhecimento. Na universidade, que é o lugar do ensino, da formação, também deve ser o lugar de possibilitar situações favoráveis para se pensar de maneira reflexiva e criadora as transformações culturais. É no âmbito universitário que este estudo interdisciplinar encontra autoridade para se projetar aos próprios produtores culturais.
[1] ZANINI, Walter. Arte e História da Arte. Estudos avançados vol. 8 n. 22. São Paulo, set/dez 1994. In www.scielo
[2] BREA, Jose L..Estética, Historia de Arte, Estúdios Visuales, in Estúdios Visuales n.3 Madrid, CENDEAC, enero 2006.
[3] Particularmente esta nomenclatura não fazia parte de meu conhecimento.
[4] ZANINI, Walter. P.489

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